domingo, outubro 17, 2010

Descrição anatômica dos músculos da perna de Procyon cancrivorus (Cuvier 1798)


 Firmino Cardoso Pereira
Vanessa Morais Lima
Kleber Fernando Pereira

O Procyon cancrivorus é uma espécie endêmica das Américas, assim como toda sua família. É amplamente encontrado em todo o território brasileiro habitando todos os biomas, principalmente o Cerrado.   

Este trabalho utilizou cinco espécimes machos e adultos de P. cancrivorus para a caracterização de músculos da perna. Os animais foram coletados em rodovias (mortos por acidente). Os músculos foram dissecados e observados macroscopicamente suas inserções, proximal e distal, e inervação. Os músculos estudados são considerados músculos da tíbia. Os músculos tibial cranial, fibular curto, fibular longo, extensor longo digital e o extensor lateral dos dedos distinguem-se craniolateralmente na tíbia, em quanto que os músculos gastrocnêmio, flexor lateral dos dedos, poplíteo, flexor superficial dos dedos, flexor medial dos dedos e o tibial caudal estão situados na região caudal da tíbia. E os músculos de tal grupamento muscular atuam como extensores e flexores da articulação tibiotársica e como extensores e flexores das articulações digitais, exceto o músculo poplíteo que atua como flexor da articulação do joelho. 

Os músculos estudados foram comparados com os respectivos músculos em carnívoros domésticos, como o cão e gato, em que se constatou grande similaridade entre estes carnívoros. 

Cronobiologia explica como o corpo humano se ajusta ao horário de verão

O horário de verão começou à meia-noite de sábado para domingo (16-17/10) e os relógios deverão ser adiantados em uma hora. Se para algumas pessoas isso significa apenas mais uma hora de dia claro, para outras é sinônimo de sonolência e mau humor. Isso ocorre porque a mudança não ajusta somente os relógios que temos à nossa volta, mas altera também nosso relógio biológico. A pesquisadora do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Lúcia Rotenberg explica que o nosso corpo apresenta diversos ritmos biológicos, ou seja, fenômenos que se expressam de maneira periódica, indo desde a secreção de um hormônio até um comportamento, como o sono e a vigília. Estes ritmos são controlados por uma estrutura do sistema nervoso (o núcleo supraquiasmático) localizada no hipotálamo anterior, região do cérebro que atua como principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais. Esta estrutura é denominada “relógio biológico”, uma vez que é responsável pela temporização das funções biológicas.

 A forma como cada indivíduo vivencia as alterações de horário depende da característica genética de cada um, pois as pessoas apresentam cronotipos diferentes

Características herdadas geneticamente e informações cíclicas do ambiente interferem no nosso relógio biológico. Em condições normais, está adaptado ao ambiente externo. No entanto, quando o ambiente se modifica – como no horário de verão –, o organismo também precisa se ajustar. É o mesmo fenômeno que ocorre quando cruzamos fusos horários. “Os horários que regulam nossas vidas, como parte do ambiente social onde estamos inseridos, podem interferir em nosso relógio biológico”, sintetiza.

 Se todos têm um relógio biológico e ritmos biológicos funcionando de forma semelhante (somos uma espécie diurna), por que a mudança para o horário de verão afeta algumas pessoas e outras não? A cronobiologia dá a resposta. “A forma como cada indivíduo vivencia as alterações de horário depende da característica genética de cada um, pois as pessoas apresentam cronotipos diferentes. Algumas pessoas são do tipo matutino, com maior predisposição genética para realizar suas tarefas bem cedo. Essas pessoas têm o relógio biológico adiantado e, por isso, tendem a dormir cedo e levantar cedo. Outras são vespertinas, ou seja, tendem a dormir tarde e acordam mais tarde”, a pesquisadora descreve. De acordo com a especialista, a tendência matutina ou vespertina também se expressa em outros ritmos biológicos, como o ciclo de temperatura corporal. “O pico de temperatura do corpo é atingido mais cedo pelos matutinos do que nos vespertinos”, destaca.

 A pesquisadora explica que as pessoas matutinas costumam sofrer mais com a alteração do horário. Há indícios de que pessoas que tendem a dormir pouco (chamadas de pequenos dormidores) também apresentariam maior dificuldade em relação à implantação do horário de verão.  “Enquanto o organismo não se ajusta completamente ao novo horário, as pessoas se sentem mais irritadas e mal-humoradas, com sensação de cansaço e sono durante o dia”, ressalta. “No entanto, esse desconforto fica restrito aos primeiros dias e a queixa costuma ir embora em até uma semana depois da implantação do novo horário”, completa, acrescentando  que este é um tema ainda pouco investigado.

Rede Nacional Vai Monitorar Encalhe de Mamíferos Aquáticos

Atender a encalhes de mamíferos aquáticos, além de desenvolver, implantar e manter um banco de dados sobre pesquisas oriundas de encalhes de mamíferos aquáticos são alguns dos objetivos da Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos do Brasil (Remab). A rede nacional foi formada a partir da criação da Rede de Encalhe das quatro regiões costeiras do Brasil (Nordeste, Sul, Sudeste e Norte). A Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), por meio do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos (Gemm-Lagos), coordenado pelo pesquisador Salvatore Siciliano, compõe a Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sudeste (Remase).

 Banhistas e membros da equipe do Instituto Mamíferos Aquáticos de Sergipe tentam salvar baleia
Banhistas e membros da equipe do Instituto Mamíferos Aquáticos de Sergipe tentam salvar baleia
São também atribuições da rede: o fornecimento de subsídios técnicos para a adoção de medidas de conservação e o manejo das espécies que ocorrem na região; o apoio a projetos de pesquisa, conservação e manejo desse grupo da fauna; e a participação em fóruns nacionais e internacionais que tratam de questões relativas ao encalhes de mamíferos aquáticos. A rede nacional é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e do Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos Aquáticos (CMA).

A Remab é formada pela Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Nordeste (Remane), a Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sul (Remasul), a Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Norte (Remanor) e a Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Sudeste (Remase), sendo esta oficialmente constituída e dotada de regimento próprio em agosto de 2010, durante a Segunda Reunião da Rede de Encalhe e Informação de Mamíferos Aquáticos do Sudeste do Brasil.

De acordo com o pesquisador Salvatore Siciliano, que faz parte do grupo que integra a Rede Sudeste, trata-se de um instrumento forte para definir áreas de atuação, ações conjuntas e discutir como atender os encalhes e melhorar a efetividade do monitoramento. "É importante destacar que estamos nos organizando visando melhorar a estrutura e a manutenção de banco de dados. Contamos ainda com um sistema de informação georreferenciado de avistagem e encalhe. Teremos encontros definidos com as instituições responsáveis pela Remase e o Gemm-Lagos será responsável por monitorar o encalhe de mamíferos aquáticos na Região dos Lagos e Norte-Fluminense", informa.

O estudo de encalhes desses animais pode proporcionar aos pesquisadores o conhecimento necessário para direcionar os esforços de conservação e fornecer dados para uma avaliação anual da taxa de mortalidade das espécies. "Estamos elaborando planos de ação que nos ajudarão a preservar diversas espécies marinhas. A Rede Encalhe pode ser um importante instrumento para a própria efetivação dos planos".

Fonte: Informe Ensp

Aquecimento Global Pode Exterminar Lagartos

   
Liolaemus lutzae: lagarto da restinga brasileira em risco de extinção
Foto de Luiz Cláudio Marigo

Sem mecanismos internos para aquecer o corpo e regular a temperatura, os lagartos só conseguem correr atrás de comida e do sexo oposto depois de um tempo estirados ao sol. Depois de algumas horas expostos, precisam voltar a um abrigo fresco para não correr o risco de fundir como um motor hiperaquecido. Uma equipe internacional acaba de mostrar, em artigo na Science desta semana, que o aquecimento global já é responsável pela extinção de muitas populações desses animais tão dependentes da temperatura externa. O grupo liderado pelo norte-americano Barry Sinervo, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, prevê que até 2080 as alterações do clima terão varrido da face da terra 20% das espécies de lagartos.

“Estamos discutindo os efeitos do aquecimento global como algo vir mais à frente, sem pensar que ele está acontecendo debaixo das nossas barbas”, comenta o ecólogo Carlos Frederico Duarte Rocha, do Instituto de Biologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Ele foi convidado a fazer parte do estudo por estudar espécies de lagartos brasileiros que vivem em ambientes diversos, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Junto com colegas de mais 11 países, ele poderia assim ajudar a entender a observação de Sinervo, de que populações inteiras de lagartos estavam desaparecendo na Europa e no México, mesmo em áreas onde o ambiente natural não tinha sido alterado.

O pesquisador californiano encontrou uma explicação provável em estudos de campo com a espécie mexicana Sceloporus serrifer: as populações têm grandes chances de se extinguirem quando temperaturas altas deixam aos lagartos poucas horas disponíveis para comer e se reproduzir, atividades indispensáveis à sobrevivência de qualquer espécie. Nos locais onde populações tinham desaparecido, no México, o tempo de atividade tinha sido reduzido em pelo menos 4 horas. “Em muitos lugares o período ativo ficou tão reduzido que, assim que o lagarto sai, já precisa voltar ao abrigo”, conta Rocha.

Ao reunir dados de 1.216 populações de lagartos, o grupo construiu um modelo que prevê a probabilidade de extinção no mundo todo e concluiu que as temperaturas estão mudando mais depressa do que a capacidade evolutiva de os lagartos se adaptarem. O jeito, em geral, é fugir para áreas mais frescas, montanha acima por exemplo. Mas nem sempre é possível: animais que vivem no topo de montanhas, ou em fragmentos de floresta circundados por áreas desmatadas, ficam sem ter para onde ir.

No Brasil há poucas áreas que foram estudadas ao longo de décadas, por isso é difícil detectar o sumiço de populações, mas Rocha tem um exemplo próximo. De 24 populações estudadas por ele do lagarto Liolaemus lutzae, típico de matas de restinga, 7 já desapareceram. “O problema maior deverá acontecer em espécies típicas de áreas abertas, como o Cerrado, a Caatinga e as restingas”, prevê. Ele explica que os lagartos que vivem em florestas densas têm uma fisiologia adaptada ao menor aporte de luz solar direta e a temperatura de seu corpo varia em função da temperatura do ambiente.

Para o ecólogo da Uerj, o estudo é um alerta para o que pode estar acontecendo com outros animais e até mesmo com as plantas no mundo todo. “Fica claro que é preciso promover desde já uma séria redução nas emissões de gases de efeito estufa.”

Planejamentos Para a Amazônia


O ensaio apresenta os conceitos de territorialidade e gestão do território, propondo estudos que aprofundem o conhecimento sobre o processo de transformação territorial contemporâneo na Amazônia, questionando o planejamento governamental com base no conceito de macrorregião e argumentando a respeito da necessidade de serem formuladas políticas públicas para escalas geográficas adequadas aos processos sociais territorializados. 

No caso da Amazônia, as políticas e o planejamento governamental devem levar em consideração dois vetores de transformação regional, que expressam a estrutura transicional do Estado e do território contemporâneos, o vetor tecno-industrial e o vetor tecno-ecológico.